quarta-feira, 29 de junho de 2011

Garrafa de vidro vs. plástico: Análise crítica e perspectivas futuras

Alguns produtores de vinhos menos renomados da Nova Zelândia, Estados Unidos e até mesmo da França estão optando por garrafas plásticas ao invés de garrafas de vidro, segundo a alegação de que são mais leves, mais favoráveis ao meio-ambiente e, segundo eles, de que não são ruins para o vinho... Será?
De fato, o PET, ou politereftalato de etileno, pode dar origem a garrafas 100% recicláveis, inquebráveis, mais leves e melhor para o trasporte que o vidro, além de necessitar de menos energia (da tradução livre: custo) para sua criação.
            Michael Wentworth, da New Zealand's Yealands Estate, é um dos partidários das alterações no mundo dos vinhos, onde ele relatou que “nossa empresa vê o plástico como o novo passo positivo, em termos de energia de produção, além de ser 89% mais leve e reduzir a emissão de carbono da indústria”.
            O próprio afirma que os recipientes de plástico não mudaram o sabor do Yealands, pois seus Sauvignon Blanc e Merlot, ambos engarrafados em plástico, foram muito bem em competições de vinhos degustados à cega.
            Nos EUA, ao oeste do estado de Oregon, a Naked Winery é outra das que apostam na nova proposta, onde utilizam os vinhos engarrafados em PET há mais de um ano, atendendo a um novo conceito de “vinhos verdes” (claro, eu mesmo inventei a terminologia, mas Portugal que se cuide, já me adianto). David Barringer, um dos enólogos desta empresa, divulga o seguinte slogan: “Eu gosto de andar muito com a minha mochila, e o vinho que eu carrego nela posso beber a qualquer hora e fica perfeito”.
E aí eu peço muita calma, quanto aos próprios termos nutricionais você deveria beber água, meu caro amigo David, pois você precisa de hidratação e não de uma bebida diurética. Sou apenas eu que prefere o vinho em um local tranqüilo, bem guardado e em condições favoráveis? Isso me soa mais como um produto que ainda estão tentando achar a melhor saída de marketing, pois apenas as questões ambientais não parecem aguçar o sentido dos consumidores.
Ambas as vinícolas supracitadas utilizam garrafas de 750mL e, pelo fato de parecerem menores quando comparadas as originais, de vidro, alguns produtores estampam os “750mL” em letreiros chamativos, para que o consumidor não pense que está comprando uma menor quantidade. E nisto eu também sou conservador, pois a imagem conta e bastante. Só faltaria pegar uma garrafa plástica de vinho, com letreiros grandes dos “leve 900mL, pague 750mL: 150mL grátis”. Imagina?
E falando nisso, apesar de toda a conveniência das garrafas de plástico, elas têm enfrentado um problema de imagem com muitos consumidores, que ainda preferem seu vinho na garrafa de vidro.
Enquanto a Boisset Family Estates vende os seus California Fog Mountain Merlot e o Yellow Jersey em garrafas de plástico na América do Norte, seu próprio Beaujolais Nouveau teve menos sorte, onde muitos consumidores declararam preferi-lo nas garrafas convencionais.
Recentemente, o próprio Instituto de Ciência da Vinha e do Vinho (da livre tradução de Institute of Vine and Wine Sciences), situado em Bordeaux, levantou preocupações sobre a qualidade do produto depois de constatarem por uma pesquisa que, um vinho branco estocado em plástico ficou fresco por apenas seis meses.
Marc Kaufman, da empresa EnVino, fabricante de garrafas PET para algumas vinícolas como a Boisset e a Naked, rejeitou as conclusões do estudo, dizendo que as garrafas de plástico não são destinadas para vinhos caros, que precisam ser engarrafados anos antes de serem consumidos. “Estes vinhos representam menos de 10% do mercado. Queremos estudar a outra parcela”, relata ansiosamente. Vinhos com prazo de validade declarado?
Em algumas coisas, concordamos.
Para os bons entendedores, não é toda garrafa que basta.

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