sexta-feira, 13 de maio de 2011

15 coisas que você não sabia sobre os vinhos portugueses

[Nota: colocando novamente o post depois dos problemas com o Blogger, que apagou as postagens do dia 12.05.2011..]

Vinho português: sinônimo de tradição, de honestidade e diversidade. Desde os mais secos aos mais doces, do Porto, Douro ou Alentejo, de 10, 20, 30 anos de idade e complexidade milenar. Muitos considerados como vinhos honestos, regado a tudo o que o terroir pode oferecer, vinhos de lealdade que trazem gota a gota a qualidade das castas locais, resultando em um dos mais finos vinhos do Velho Mundo.
Fui de atrás de algumas informações sobre os vinhos portugueses e apresento agora as 15 coisas que você não sabia sobre eles, mas claro, depois de ler o texto vai ficar sabendo. Alguns itens são básicos, mas o intuito aqui é deixar uma mensagem que atinja a todo tipo de consumidor e de público, dos iniciantes aos avançados. Aos conhecedores, fica a oportunidade para relembrar algumas informações:

1. Origem do Porto
            O Porto é produzido exclusivamente a partir de uvas provenientes da região demarcada do Douro, ao norte de Portugal e a cerca de 100 km de Porto, sendo que o Alto Douro é considerado como um Patrimônio Mundial da UNESCO. A região Douro já produz vinhos há mais de 2.000 anos. O Vale do Douro se estende ao longo do rio de mesmo nome, desde a Espanha até a cidade do Porto, na costa Atlântica.
Para caráter de curiosidade: Portugal possui outra região protegida pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade, além da Região do Alto Douro, a Paisagem da Cultura da Vinha da Ilha do Pico também recebe tal importância, como St. Emilion em Bordeaux (França) e o Vale do Reno, na Alemanha, conhecido pela Riesling.

2. Vinho do Porto x Vinho Seco
A retórica não é verdadeira: vinho português seco não é Porto, ainda que o produtor tradicional do Porto produza vinhos secos. Então, qual a diferença entre o Porto e o vinho seco? O Porto é um vinho fortificado, o que significa que foi reforçado pela adição de aguardente de vinho durante o processo de fermentação. Isso faz com que, ao final da fermentação, ainda haja açúcar remanescente no caldo sem ser convertido em álcool. Por isso os Portos são doces, considerado como um vinho de sobremesa ou digestivo, sendo que seu teor alcoólico final é elevado.
Enquanto isso os vinhos secos são fermentados sem adição de qualquer outra fonte de açúcar ou álcool (como todos os outros vinhos como, por exemplo, da Califórnia, Espanha, Brasil e mesmo de Portugal, etc).

3. O vinho do Porto pode ser Branco, Ruby ou Tawny
            Os vinhos brancos são feitos exclusivamente a partir de uvas brancas e, geralmente são jovens e frutados. São os únicos vinhos de Porto que são divididos quando a sua doçura, entre doces, meio-secos e secos (ainda que estes não sejam realmente secos pela forma de produção).
Os Ruby são vinhos tintos que envelhecem em barris, e tem mais característica de vinhos jovens (pois tem menor contato com a madeira pois a relação superficíe/volume é pequena) e conservam durante mais tempo as suas características iniciais.  Categorias: Ruby, Reserva, Late Bottled Vintage (LBV) e Vintage (sendo que este último é o que melhor envelhece em garrafa, podendo ser guardado por alguns anos).
Os Tawny também são vinhos tintos, feitos das mesmas uvas que os Ruby, mas que envelhecem por mais tempo nos barris, de dois a três anos, e depois são transferidos para tonéis maiores para continuar sua maturação. Eles têm características diferentes e uma complexidade maior, como na coloração mais evoluída devido ao maior tempo de maturação e a maior exposição ao oxigênio. Além disso, com a idade os Tawny ganham ainda mais complexidade aromática pelo contato com a madeira, adquirindo notas diversificadas. As categorias existentes são: Tawny, Tawny Reserva, Tawny com Indicação de Idade (10 anos, 20 anos, 30 anos e 40 anos) e Colheita.

4. 10, 20 ou 30 anos?
Os 10, 20 ou 30 anos estampados nos rótulos de vinhos do Porto não querem dizer que ele ficou maturando todos estes anos, intacto. Na verdade, ao longo do tempo são adicionadas outras safras vinificadas a cada ano, pelo período detalhado no rótulo. O resultado depois deste tempo fica por conta da genialidade do enólogo, que deve combinar as qualidades e diferenças de cada safra para a construção de um vinho único e íntegro.

5. Vinho de Portugal não é sinônimo de Porto
Apesar de até aqui termos falado sobre vinhos do Porto, esse item é muito importante: Não, vinho de Portugal não é só o Porto. Este pode ser o que impulsionou seus vinhos no mercado mundial, mas hoje em dia a diversidade é o que prevalece, pois Portugal conta com grandes vinhos tintos e brancos, além dos rosés e espumantes em ascensão. A história desse vinho data meados de 1703, quando começou a ganhar popularidade após o Tratado de Methwen assinado entre Portugal e Grã-Betanha, onde ele se beneficiava de algumas taxas preferencias. E a sua popularidade é tão histórica que, durante o século XVIII, os ingleses consideravam que vinho era sinônimo de vinho do Porto.

6. Principais regiões produtoras de Portugal:
Minho: a maior região vinícola portuguesa, situada ao noroeste de Portugal. As denominações de origem são Vinho Verde DOC e Vinho Regional Minho. Castas mais importantes para a região: Alvarinho, Loureiro, Trajadura, Avesso, Azal e Arinto.
Douro: Douro é mais antiga região do mundo, conhecida pela qualidade de seus vinhos e pelo famoso vinho do Porto ou vinho generoso, como era conhecido antigamente. Como citado anteriormente, esse território é reconhecido pela Unesco como Patrimônio da Humanidade desde 2001. Entre as diversas castas, destacam-se a Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinta Cão e Tinta Roriz.
Alentejo: Uma das maiores regiões vinícolas de Portugal, com cerca de 22.000 hectares plantados, o que corresponde a 10% do total de vinhas de Portugal.
Dão: Região onde se produz ótimos vinhos, encorpados e com elevada capacidade de envelhecimento em garrafa. Castas como Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz, Encruzado, Cercial, Malvasia Fina e Verdelho (para brancos) são muito encontradas nos vinhos da região.
E muitas outras: Bairrada, Madeira, Bucelas, Colares, Carcavelos, Setúbal, Valpaços

7. Varietais
            Portugal tem um espírito de tradição muito grande e é considerado por muitos o país que tem um tesouro de castas locais, o que deixa seus vinhos com um caráter ainda mais especial. A grande diversidade de vinhos pode ser explicada pela enorme diversidade de castas nativas, cerca de 285, que permite a produção de vinhos de personalidades distintas. A grande maioria das variedades de uvas são nativas e, provavelmente, você que ainda está iniciando no assunto nunca ouviu falar delas! Vá se acostumando: Touriga Nacional, Tinta Roriz (assim como a espanhola Tempranillo), Touriga Franca e Baga-vermelhos. Encruzado, Alvarinho (Albarino na Espanha), Maria Gomes. Cansado das “hollywoodianas” Chardonnay e Cabernet Sauvignon? Procure os vinhos portugueses.

8. Vinho verde
Vinho Verde é uma região vinícola e não quer dizer que o vinho está verde! Este branco geralmente tem coloração amarelo-pálido, é leve e fresco, refrescante e de baixo teor alcoólico (9-10 %). Castas muito utilizadas para sua produção: Arinto (Pederna), Loureiro, Alvarinho e Trajadura.

9. Vinho tranquilo
            Você já deve ter visto esta denominação a respeito dos vinhos portugueses: vinho tranquilo. O que seria isso? Apenas uma forma de dizer que não contém gás, ao contrário dos vinhos espumantes e frisantes (como alguns Vinho Verdes) que possuem desprendimento de gás. São normalmente tintos ou brancos, mas existe também a versão rosé. 

10. Selo
O vinho português carrega um selo de autenticidade, procure no rótulo. Cada região vinícola tem sua própria versão, como por exemplo Vinho Verde DOC, Douro DOC, etc.

11. Quinta
Você já deve ter visto este nome estampado nos rótulos, que é semelhante ao Bodega na Espanha ou Chateau na França.

12. Produção
            Portugal é o 12º maior produtor de vinhos no mundo (dados de 2007 segundo a FAO), uma posição privilegiada para um país com dimensões limitadas. Cerca de 8% do continente dedicado à cultura da vinha, com aproximadamente 500 mil hectares de videiras (dados da ViniPortugal).
O país é considerado como um produtor tradicional do Velho Mundo.
Para curiosidade, os maiores produtores mundiais são: Itália, França, China, Estados Unidos, Espanha, Argentina, Chile, África do Sul, Austrália, Brasil, Alemanha, Portugal, Grécia, etc).

            13. Exportação
            O país tem uma exportação destacada, sendo que é o sétimo maior exportador mundial (por porcentagem de mercado em dólares). Veja a lista: França 34%, Itália 18%, Austrália 10%, Espanha 9%, Chile 4%, Alemanha 3% e Portugal 3%.

14. Mercado
O mercado mais importante para as relações econômicas de Portugal é o mercado Europeu, com destaque especial para a Espanha, França e Alemanha. Como mercados promissores e prioritários para Portugal existe um grupo definido com 7 países, entre os quais se encontra o Brasil.

15. Vinho português mais consumido no Brasil
O vinho português mais consumido no Brasil é o famoso Periquita. A marca chega a produzir 2.5 milhões de litros por safra e está crescendo e inovando, tanto é que a partir de 2000 este vinho passou a ser produzido com Trincadeira e Aragonês, acrescentadas ao clássico 100% Castelão. Atualmente, 85% de toda a produção do Periquita é exportada, sendo que o Brasil é o segundo maior consumidor (atrás apenas da Suécia). O que mais agrada neste português, além da qualidade: o preço, entre R$ 20 e 30.00 reais.

Agora são 15 itens que você já sabe sobre os ótimos vinhos portugueses!
Aproveite a mensagem inicial, escolha um belo português em sua adega hoje e aproveite bons momentos. Qual a comemoração? À vida.
Bons vinhos!

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